O custo do aço subiu 20% este mês, puxado pelos preços do carvão e do minério de ferro, suas matérias-primas. A guerra na Ucrânia é um dos principais fatores para isso, já que a Rússia é um importante exportador destes insumos. Além disso, o conflito afetou a logística global, elevando o preço do frete.

O reajuste já está sendo repassado para a indústria, como a automotiva, linha branca e construção civil. O repasse ao consumidor final e o impacto no bolso vão depender de cada setor, mas devem começar a ser sentidos em maio.

Na construção civil, a alta ainda não foi totalmente repassada, mas, por causa da inflação que o segmento vem enfrentando desde o ano passado e da alta de outros materiais, as construtoras vêm adiando projetos e, nos próximos meses, os imóveis estarão até 8% mais caros, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic):

— Tem muita construtora guardando projeto na gaveta porque não tem mercado. A inflação da construção chegou a cerca de 30%, sendo o aço responsável por quase metade disso. É muito maior do que a inflação oficial. Por isso as vendas estão caindo.

O IPCA, índice oficial, atingiu 11,3% em março, no acumulado em 12 meses.

Mas o presidente executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, pondera que o repasse não pesa tanto ao consumidor em imóveis e automóveis, por exemplo. Ele cita a quantidade de aço usada em um carro: em torno de 800 quilos, que valem cerca de US$ 1 mil. Se o preço subir 20%, o carro ficará US$ 200 mais caro.

— Não é por isso que a pessoa deixa de comprar. O problema é quando sobe tudo — pontua Loureiro.

Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, que representa as usinas siderúrgicas, também pondera que o valor dos produtos é estabelecido por meio de uma relação entre fornecedor, cliente e consumidor, e que, no fim, o peso do aço não é tão relevante:

— Qualquer que seja o aumento, o aço tem peso físico, mas no preço o impacto é pequeno.

Loureiro, por sua vez, ressalta que, mesmo as usinas já cobrando 20% a mais pelo material, as fábricas repassam o aumento gradualmente, em torno de 5% a 10%, porque algumas ainda têm estoques:

— O distribuidor consegue segurar o repasse quando há pequenos aumentos. Mas, se continuar como está, sem recuo de preço, no próximos três a quatros meses terão de repassar os 20% ao consumidor final.

Fonte: O Globo  
Seção: Siderurgia & Mineração  
Publicação: 11/04/2022

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