Pressionada pela alta de custos de matérias-primas e insumos, que foi acelerada pela invasão da Ucrânia pelo exército da Rússia, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) decidiu aumentar os preços do aço que produz em 20% no mês de abril, informou ontem ao Valor o diretor-executivo comercial da empresa, Luiz Fernando Martinez. O reajuste será feito em duas parcelas – a primeira de 12,5%, em 1º de abril, e a segunda de 7,5%, dia 15.

“A retirada de descontos que haviam sido concedidos pela CSN no segundo semestre é para a compensação da alta de custos das matérias-primas e dos insumos, principalmente do carvão metalúrgico”, destacou o diretor.

Segundo Martinez, a elevação de preços vai abranger vários tipos de aço: laminados a quente, bobinas a frio e zincadas, aços pré-pintado e galvalume, além de aço longo (vergalhão). Ficará de fora a folha metálica, conhecida com aço estanhado, que é usado para fazer embalagens. Os reajustes serão repassados à cadeia de distribuição, às indústrias (linha branca, máquinas e equipamentos, de tubos) e ao setor da construção civil.

De acordo com o executivo, o preço do carvão metalúrgico situa-se atualmente entre US$ 650 e US$ 700 a tonelada. “No custo da placa (semi-elaborado para fazer as chapas e bobinas), representa US$ 400”, diz. Antes do início da guerra, o insumo estava em quase US$ 400 a tonelada. Para cada tonelada de aço bruto (placa) são necessários 600 quilos de carvão.

“Nosso plano, com esse reajuste, é de zerar os descontos que foram dados em momentos de acomodação do mercado, e até subir um pouco”, afirmou o diretor. No ano passado, a CSN aumentou seus preços em 85%. Sua principal concorrente no mercado nacional, a 72%, segundo informou.

Martinez ilustra que no dia 3 de janeiro, o minério de ferro valia US$ 119,50 a tonelada, o carvão, US$ 354,40, e o câmbio estava em R$ 5,63. Ele diz que ontem o minério (com 62% de ferro) foi negociado a US$ 135, o carvão é negociado acima de US$ 650 e o dólar vale R$ 5,15. “Levando em conta apenas esses três fatores, houve, em reais, nesse período, um aumento de 37,5% no custo de produção da placa”, afirma.

Segundo o diretor, no mercado, impulsionada pelo conflito Rússia-Ucrânia, que gerou escassez do produto, e pelo aumento das commodities, atualmente a placa é negociada pelas siderúrgicas em torno de US$ 1.180 a tonelada (colocada em porto brasileiro). As grandes produtoras de placas para vendas no Brasil são Ternium, CSP e ArcelorMittal Tubarão.

“O mercado na Europa e Turquia, que era abastecido por Rússia e Ucrânia, está bastante demandante. Estamos reforçando o envio de aço laminado para nossa subsidiária Lusosider em Portugal”, afirmou Martinez.

Comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch, seu principal acionista, a CSN vendeu 4,6 milhões de toneladas de aço (planos e longos) em 2021, sendo 3,18 milhões de toneladas no Brasil.

Fonte: INFOMET

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