As exportações de minério de ferro do Brasil somaram 25,8 milhões de toneladas em abril, alta de 7,5% ante um ano antes, enquanto os preços da commodity também cresceram de forma expressiva diante de uma demanda firme da China, apontaram dados do governo nesta segunda-feira.

Um dos maiores exportadores globais de minério de ferro, o Brasil vendeu a commodity em abril por um valor médio de 129,8 dólares por tonelada, ante 67,6 dólares por tonelada no mesmo mês do ano passado, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Com isso, as vendas externas de minério de ferro somaram 3,3 bilhões de dólares em abril, ante 1,6 bilhão de dólares um ano antes.

O cenário é explicado por uma forte demanda da China, cuja economia está em recuperação após o baque devido ao novo coronavírus. O governo chinês tem também lançado estímulos para incentivar as atividades econômicas no país, um grande consumidor de commodities.

O cenário tem beneficiado a mineradora Vale, uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, cujas vendas cresceram quase 15% no primeiro trimestre. No período, a mineradora registrou ainda um prêmio de mais de 8 dólares por tonelada pelo produto.

As exportações de petróleo pelo Brasil, por sua vez, cresceram 0,9% em abril, versus um ano antes, para 6,7 milhões de toneladas, segundo a Secex.

O valor médio das exportações foi de 406,3 dólares por tonelada, ante 274,7 dólares em abril de 2020, com os embarques resultando em divisas de 2,7 bilhões de dólares no mês passado.

Os preços do minério de ferro seguiram desafiando as projeções mais otimistas e cravaram nova máxima histórica em abril, ultrapassando a marca de US$ 195 a tonelada na reta final do mês

Os preços do minério de ferro seguiram desafiando as projeções mais otimistas e cravaram nova máxima histórica em abril, ultrapassando a marca de US$ 195 a tonelada na reta final do mês. Margens saudáveis na siderurgia, demanda de aço aquecida na esteira dos estímulos à economia, forte desempenho dos contratos futuros de aço e de minério e a ausência de oferta adicional ao longo deste ano explicam o rali da commodity.

Segundo a publicação especializada “Fastmarkets MB”, o minério com pureza de 62% fechou o mês cotado a US$ 188,85 a tonelada no porto chinês de Qingdao. Em abril, os ganhos acumulados chegaram a 14,35%. No ano, somam 17,7%.

A valorização acentuada e acelerada, porém, levou à reação da China, maior compradora mundial da commodity. Em um apelo público, a Cisa (do inglês China Iron and Steel Association), entidade que reúne a indústria de ferro e aço no país asiático, disse que a trajetória recente da matéria-prima é “irracional” e pediu que a indústria amplie a exploração de recursos no país e no mercado internacional — a associação também falou em regras mais rígidas para os mercados futuros.

Em outro movimento, o governo chinês anunciou redução dos descontos de exportação para vários produtos siderúrgicos a partir de 1º de maio, em um momento de esforços crescentes para cortar as emissões de gases do efeito estufa no país. A medida teve reflexo negativo nos preços do minério.

Para a siderurgia global, a iniciativa é positiva, na avaliação dos analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual, uma vez que contribui para dissipar dúvidas sobre a sustentabilidade dos preços do aço. Internamente na China, segundo a imprensa local, o governo estaria avaliando medidas para integração e consolidação da indústria siderúrgica, com vistas a ampliar o poder de negociação da indústria.

Para o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o preço atual apresenta grau de disfuncionalidade “considerável”. “Estamos em um cenário particular, de demanda chinesa muito forte na esteira dos estímulos aos setores de atividades básicas, que demandam commodities metálicas, como a construção. Mas esse não é o preço de equilíbrio”, ponderou.

No primeiro trimestre deste ano, a produção mundial de aço bruto cresceu 10%, para 486,9 milhões de toneladas, puxada pela China, segundo levantamento da World Steel Association (Worldsteel). No período, o país asiático produziu 271 milhões de toneladas de aço, volume equivalente a mais da metade da produção global, com alta de 15,6% na comparação anual.

Já o petróleo sofreu os efeitos da alta do dólar e da piora da pandemia na Índia no fim de abril e reduziu os ganhos que tinha acumulado durante o mês. O primeiro contrato do barril do tipo Brent, para junho, fechou o mês cotado a US$ 67,25, queda de 1,91% na sexta-feira. O ganho acumulado no mês passado ficou em torno de 6,5%.

As importações de petróleo da Índia podem cair mais de 1 milhão de barris por dia nas próximas semanas, senão três vezes mais, segundo a Reuters. Mas as perspectivas de maior consumo de combustível dos EUA, China e Reino Unido animaram os traders, que apostam que uma reabertura estável das economias continuará a impulsionar a demanda.

“O mercado está olhando para além da atual fraqueza de demanda induzida pela pandemia na Índia e espera que a demanda aumente e os estoques sejam reduzidos no segundo semestre”, disse Eugen Weinberg, do Commerzbank, à Dow Jones Newswires.


Com agências de notícias

Fonte: Infomet  
Seção: Siderurgia & Mineração  
Publicação: 04/05/2021

Preciso de ajuda? Converse conosco