Segunda maior nação do mundo em população, a Índia caminha para virar o ano como o país nº 2 na produção mundial de aço, tomando uma posição de longa data do Japão. Ficará atrás apenas da China, que é líder absoluta, com quase metade do volume produzido globalmente. 
 

A siderurgia indiana deve encerrar 2018 com volume na casa de 106 milhões de toneladas, enquanto os japoneses devem registrar novo recuo e terminar o ano com 104 milhões de toneladas. No acumulado de dez meses, até outubro, a Índia alcançou 88,4 milhões de toneladas – o Japão, 87,2 milhões de toneladas. 
 

Em cinco anos, os indianos ganharam duas posições no ranking mundial. Em 2014, estava na quarta posição, atrás de EUA, Japão e China. No ano seguinte, ultrapassou os americanos. A oferta indiana vem crescendo a taxas anuais consistentes – ao menos 5%, conforme dados da Worldsteel, entidade que levanta números mensais de 64 países produtores. 
 

De 2010 para 2017, o consumo interno de aço acabado indiano passou 65 milhões para 88,7 milhões de toneladas 
 

Em 2005, as usinas de aço locais faziam 45,8 milhões de toneladas. Esse volume saltou para 68,3 milhões cinco anos depois. E o país ainda apresenta um baixo consumo per capita de aço, bem inferior aos 101 quilos do Brasil e ainda muito longe da China, 545, só para ficar em países emergentes. 
 

A título de comparação, em 2005 o setor fazia no Brasil 31,6 milhões de toneladas. Desde então, o máximo que alcançou foi 35,2 milhões de toneladas, volume que deve se repetir neste ano. Com voos de galinha na economia, o consumo per capita brasileiro de aço não sai do lugar. 
 

Voltando à Índia, na avaliação de Germano Mendes de Paula, professor titular do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, e especialista do setor, a produção do país é voltada principalmente para o mercado doméstico. De 2010 a 2017, as exportações líquidas de produtos siderúrgicos somaram apenas 1,3 milhão de toneladas, equivalente a 0,18% da sua produção de laminados. Mesmo em 2017, quando o volume líquido atingiu 7,5 milhões de toneladas, representou 6,2%. 
 

Já o consumo de aço acabado subiu de 65 milhões de toneladas para 88,7 milhões de 2010 a 2017, crescimento anual médio de 4,6%. No mesmo período, o consumo per capita avançou a um ritmo anual médio de 3,3%. 
 

Enquanto isso, observa Mendes de Paula, a siderurgia japonesa encontra-se numa situação de estagnação, tanto em produção de aço bruto (108 milhões de toneladas em 2010 para 105 milhões de toneladas em 2017) como em consumo per capita de laminados (495 quilos por habitante e 505 quilos, respectivamente), “Cabe relembrar que a população japonesa já se encontra numa trajetória negativa”, diz o especialista. 
 

Ele aponta ainda o elevado grau de concentração do setor no Japão, capitaneado por duas gigantes: Nippon Steel e JFE Steel. As duas têm vários investimentos no exterior (principalmente em laminações), incluindo a Índia. 
 

A Índia vem investindo pesado, com planejamento de governo. “Apesar das substanciais dificuldades para a construção de novas usinas de grande porte, o fato é que a capacidade instalada da siderurgia indiana aumentou de 78 milhões de toneladas em 2010 para 125 milhões de toneladas em 2017, de acordo com OCDE [Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico]”, afirma o acadêmico. 
 

Ele informa que o Ministério do Aço da Índia publicou a “Política Nacional do Aço 2017” em maio daquele ano. No documento, o governo estima que a capacidade instalada crescerá 22 milhões de toneladas até 2021, 89 milhões de 2021 a 2026 e 64 milhões entre 2026 e 2031, atingindo 300 milhões de toneladas em 2031. 
 

“Embora se possa fazer algumas considerações críticas quanto à meta, se de fato é factível, é razoável assumir que a capacidade instalada da siderurgia indiana continuará aumentando a taxas consideráveis nos próximos anos”, diz. 
 

O seto indiano vive um momento de consolidação de ativos. Algumas siderúrgicas faliram e vêm sendo absorvidas por outras, como a Tata Steel, que comprou a Bhushan Steel. A JSW Steel arrematou 88% da Monnet Ispat e a Vedanta Resources ingressou nesse mercado ao assumir o controle acionário da Electrosteel Steels. Além desses casos, a Essar Steel, apta a fazer 10 milhões de toneladas, está em processo de venda. A ArcelorMittal – em associação com Nippon Steel – é considerada a mais provável compradora. 
 

“Este processo de consolidação tende a contemplar outras transações, de tal forma que 2018, e eventualmente 2019, serão lembrados como os anos da grande transformação patrimonial da siderurgia indiana”, afirma Mendes de Paula. 

Fonte: Inda

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