SÃO PAULO – O presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, afirmou nesta quarta-feira que o setor vive sua pior crise. A entidade revisou para baixo as estimativas para o ano em relação às vendas internas e ao consumo aparente.

A realidade econômica do Brasil difere, segundo Lopes, de discurso do presidente da República, Michel Temer, de que a economia está se recuperando.

O presidente do IABr ressaltou que a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017 vêm passando por várias revisões. “Não haverá retomada da economia sem participação da indústria”, disse. Lopes afirmou que o governo “coloca a indústria em segundo plano”. “A liberalização da economia vai contra o resto do mundo”, disse.

Segundo Leite, a indústria siderúrgica brasileira só irá atingir a venda do total de aço produzido pelo Brasil em 2028, 15 anos após o pico do consumo registrado em 2013. As exportações são o caminho para o setor, destacou o presidente. O uso da capacidade instalada das siderúrgicas brasileiras está em 60%, ante o patamar de 80% considerado ideal.

O foco da indústria siderúrgica brasileira é o mercado interno. Leite destacou a perda de competitividade do país, principalmente em função da concorrência com a China. “A China é este dragão que conhecemos, com um papel muito relevante no mundo do aço”, disse.

Protecionismo
O conselho diretor do Instituto Aço Brasil (IABr) vai discutir nesta quinta-feira a ida de delegação brasileira aos Estados Unidos para tratar com congressistas americanos de questões relativas ao protecionismo do país. “Nosso maior mercado de exportação sempre foram os Estados Unidos e, agora, estamos fora deste mercado”, diz o vice-presidente do conselho diretor do IABr, Sergio Leite de Andrade.

Segundo o presidente do conselho diretor, Alexandre de Campos Lyra, o IABr vai buscar alinhamento com o governo para programar a ida a Washington. “Se formos paranoicos, vamos achar que tudo conspira contra nós”, disse Lyra, acrescentando que o mercado interno só será retomado em 2028, que o aço brasileiro corre o risco de ser sobretaxado de 20% a 25% pelo governo americano ou de ter cotas de exportação, e que a competição com a China é desigual.

PPI
Para o IABr, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) pode ser um “tiro de misericórdia na indústria, principalmente siderúrgica”. O presidente do conselho diretor da entidade defende que percentuais mínimos de conteúdo local precisam ser mantidos. “O governo vai depender de capital externo para projetos de infraestrutura do PPI. Os chineses vão participar com capital, mas o grande risco é virem também máquinas, equipamentos e estruturas metálicas”, afirmou.

Segundo Lyra, no ano passado, 1,88 milhão de toneladas de aço entraram no Brasil por importação direta, mas 3,4 milhões de toneladas ingressaram por importação indireta, por exemplo, em carros e geladeiras.

De acordo com Lopes, presidente-executivo do IABr, o Brasil não é protecionista, “mas precisa de defesa comercial até que assimetrias sejam resolvidas”.

Fonte: Valor Econômico

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