O setor siderúrgico considera que ainda é cedo para saber o impacto de
medidas protecionistas que venham a ser tomadas pelo novo presidente
eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre exportações brasileiras de
aço ao mercado americano, avalia Marco Polo de Melo Lopes, presidente
executivo do Instituto Aço Brasil.

O país é um tradicional exportador de aço para o mercado americano, um dos
maiores do mundo, depois da China. Ao longo de vários governos dos EUA,
empresas brasileiras têm sido alvo de processos de subsídios e de ações
antidumping nas vendas ao país.

Segundo Lopes, historicamente os governos republicanos têm uma postura
mais liberal que os democratas. No entanto, lembra, foi durante a gestão de
George Bush, em 2002, que foram tomadas as medidas mais truculentas de
proteção da indústria do aço local. Na época, Bush adotou a chamada Seção
201, um pacote de medidas de salvaguardas que impôs cotas de importação
de aço, além de tarifas. A sobretaxa sobre as chapas de aço, além da cota, foi
inicialmente de 30%.

O executivo do Aço Brasil destaca inda que no governo de Ronald Reagan,
nos anos 80, também houve medidas de proteção ao aço americano, bem
como no seguinte, de outro republicano, George Bush (pai). Mas observa que
o setor não escapou da mira de Bill Clinton, que impôs vários processos
antidumping ao Brasil. “Independentemente de um republicano ou um
democrata no poder, o setor siderúrgico americano sempre tem atenção
especial do governo”, afirma Lopes.

Atualmente, sob a gestão de Barack Obama, várias ações antidumping contra
aço importado de várias origens, inclusive de China, atingiram exportações
de produtos fabricados por Usiminas e CSN. “A siderurgia americana, em
qualquer governo, é considerada estratégica”, observa.

Para o executivo, ainda há um grande ponto de interrogação sobre Trump. “É
uma caixa preta. Temos de ver se agirá como o personagem da campanha ou
como presidente de fato.” Mas, ressalta: “Se Trump entregar tudo o que falou
ao longo da sua campanha, vai ser um grande desastre”.

Fonte: Valor Econômico

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